“Se um único homem alcançar a mais elevada qualidade de amor, isto será suficiente para neutralizar o ódio de milhões” Mahatma Gandhi
Em um mundo em que a vida parece muitas vezes carecer de sentido, muitos textos e livros sobre Propósito têm sido divulgados pela mídia. A proliferação de questionamentos sobre qual é o nosso papel na sociedade, sobre qual é a nossa missão de vida, indica que há algo em nossa subjetividade que falta, que denuncia um quê de vazio.
O livro Propósito: a coragem de ser quem somos, de Sri Prem Baba, figura na lista de livros mais vendidos desde o início de 2017. Além de seus seguidores espirituais, muitas outras pessoas em busca de sentido na vida, principalmente na esfera profissional, devoram suas páginas em busca de resposta. Alguns a encontram, outros, não.
Também tem sido muito divulgado o conceito japonês de Ikigai, que seria, em uma tradução livre, a razão de viver, aquilo que nos motiva. O Ikigai seria o ponto de interseção entre:
- o que você ama;
- aquilo em que você é bom;
- algo pelo que você pode ser pago;
- o que o mundo precisa.
A mandala abaixo ilustra bem a dinâmica entre esses 4 aspectos:
Existe um livro do autor Ken Mogi chamado Ikigai: os cinco passos para encontrar seu propósito de vida e ser mais feliz. E por que mais feliz? Porque desde Victor Frankl, no livro Em busca de sentido, é sabido que significado, sentido e propósito tornam a nossa existência mais satisfatória e feliz.
Conforme apresentei no texto 5 princípios básicos da Felicidade, significado e realização, atributos que permeiam uma vida com propósito, são dois dos cinco ingredientes fundamentais para o bem estar e para a felicidade, conforme formulado pelo grande pesquisador em Psicologia Positiva Martin Seligman.
Tanto a leitura desses livros quanto um trabalho de autoconhecimento por meio de um processo psicoterapêutico podem lhe auxiliar a encontrar o seu propósito, a descobrir um caminho profissional que lhe traga sentido e realização. Mas pensar em propósito, em contribuição para o mundo, também significa pensar em si. E aí está o grande paradoxo que envolve uma vida com propósito.
A nossa primeira e principal missão na vida é o nosso autodesenvolvimento. Se você tiver de investir em um propósito, invista neste: sua melhoria permanente. Toda mudança significativa começa de dentro para fora e só podemos oferecer ao outro aquilo que temos dentro de nós.
A grande contribuição que podemos dar ao mundo é amar, e o movimento em direção ao amor começa dentro de nós mesmos. Por outro lado, e por isso este tema é tão complexo e paradoxal, o movimento em direção a nós mesmos envolve também um movimento em direção ao outro, para que o processo de melhoria interna não seja puramente egoico e, consequentemente, vazio. Autodesenvolvimento envolve primeiro olhar para si, assumindo consciência de quem se é e, em seguida, envolve olhar para o outro com tolerância e empatia.
Encerro com uma citação de Divaldo Franco: “A única forma de mudar o mundo é se nós nos mudarmos interiormente”.