Nos últimos posts, descrevi várias estratégias de enfrentamento para momentos de crise como este que estamos vivenciando.
Falei sobre a necessidade de identificarmos com mais precisão qual a fonte de nosso sofrimento e em qual fase do luto estamos no momento (negação, raiva, barganha, tristeza, aceitação ou sentido). Discorri também sobre a importância de identificarmos e nos conectamos com as emoções desagradáveis e sobre como promovemos as emoções positivas. Dei dicas sobre como desenvolver resiliência e sobre como podemos estar mais presentes no aqui e agora.
Há também outras estratégias que sempre nos fazem bem: atividade física, contato com a natureza, tomar sol, planejarmos o nosso dia a dia e aquilo que queremos alcançar, organizarmos uma rotina de sono, alimentação, trabalho, descanso.
Hoje quero falar um pouco mais sobre o sentido, a atribuição de significado que damos aos eventos em nossa vida. David Kessler ampliou a obra de Elisabeth Kubler-Ross ao acrescentar esta fase como uma das etapas do luto. Considero este acréscimo genial!
Ter uma vida com significado, com propósito, é um dos pilares do bem-estar. E a atribuição de sentido não precisa ser apenas em relação a vida como um todo. Podemos atribuir sentido aos eventos que nos impactam, que são importantes, sejam eles agradáveis ou desagradáveis, causadores de sofrimento ou não.
A atribuição de um significado à pandemia, por exemplo, pode reforçar a nossa fé, a nossa espiritualidade (uma das bases da saúde física e mental). Ela favorece também o sentimento de gratidão e reforça o nosso engajamento nas atividades que desenvolvemos e fortalece as nossas interações sociais.
Para desenvolvermos um propósito de vida ou estabelecermos um sentido para tudo isso, devemos começar pelo autoconhecimento. O autoconhecimento deve ser um exercício permanente e pode ser facilitado pela meditação, pelo silêncio ou pela terapia. Além do autoconhecimento, alguns questionamentos que podem lhe auxiliar neste processo de atribuição de significado à pandemia são:
- Estou engajado em algo que considero importante?
- O que eu aprendi com a pandemia até agora?
- Como a experiência da pandemia pode ser transformada em uma experiência de crescimento pessoal?
- A que eu sou grato?
- Houve mudança em minhas prioridades de vida?
- Qual a interpretação ou sentido que eu dou à pandemia?
- Há outra interpretação possível e mais positiva?
Vania Moraes | Psicologia, Hipnose e Constelação Familiar.